quarta-feira, 16 de fevereiro de 2011

Tema 21 - Morte

Nace una flor un día
y a la misma hora muere un amor”
Fito Paéz


E com a mesma velocidade que surgiram, cada uma das sensações se esvaía conforme as palavras proferidas chegavam aos seus ouvidos.


Não sabia se era a frieza no tom da voz, ou a dureza com a qual cada sentença foi meticulosamente escolhida, ensaiada, lapidada para ferir e não sobrar mais esperanças.


Cada boa lembrança que voltava a sua mente era dinamitada por ações, discursos (ou a falta de ambos), ou qualquer outro motivo que pudesse ser usado como arma nesta batalha de egos chamada relação humana.


No fundo, ainda atordoado com a velocidade e a precisão de cada golpe (será que ela foi treinada pelo Steven Seagal também?), se perguntava se tudo isso era realmente necessário, um “Me desculpe, mas não gosto mais de você” não resolveria?


Provavelmente não, sempre haveria a esperança.


Esperança essa, que tratou de ser aniquilada, para seu próprio bem, ele concluiria depois, mas ainda era cedo para entender...


Dale tiempo al tiempo, diria Rodolfo Paéz, mas a morte não permite esse tempo... não na cabeça dele.


Mas não importava, o que ele pensava não importava, nem para ele mesmo.


Só restava o sepultamento e o luto por cada sensação...


Luciano

Tema 21 - Morte

Morte Querida,

Nós duas sabemos muito bem que mais cedo ou mais tarde você vai chegar. Mas, sinceramente, eu não tenho medo de você!

É claro que eu penso em você, em como você vai chegar e se eu pudesse escolher, preferiria que você fosse rápida e que viesse na hora certa, (entende-se por hora certa o período entre os 70 e 80 anos, ok?).

Uma amiga budista me disse que o ideal é toda noite antes de dormir imaginar sua chegada de um jeito, uma noite você chega me enforcando, na outra me afogando e assim por diante que é para eu me acostumar c você.

Acho melhor imaginar sua chegada para as pessoas que eu amo e não para mim, já que eu sofro demais quando você leva alguém que eu gosto.

Nunca vou esquecer quando você levou embora minha melhor amiga. Morte estúpida!

Você é tão inconveniente, intolerante e egoísta! Ou será que a egoísta sou eu? Você me lembra toda hora do quanto eu sou mimada e insignificante...

Até quando você me aparece de forma simbólica, quando alguém resolve deixar de existir para mim... O vazio que você deixa é tão cruel!

Pelo amor de Deus, seja mais sensata, haja com o mínimo de bom senso!

E para acabar com essa nossa conversinha fúnebre, eu só te peço um favor, da próxima vez que aparecer seja discreta!

Sem mais.

Carol

Tema 21 - Morte

Nascimento e morte

“Morrer deve ser tão frio como na hora do parto/ O melhor lugar do mundo é aqui e
agora” (Gilberto Gil).

Dizem que a esperança e o otimismo são para fracos, tal qual a compaixão para Nietzsche, no que sempre concordei. Quem morre, morre. Morrer, verbo intransitivo.
Pensando nisso e nas bobagens da rotina da vida, à luz da canção de Gil, fui para os braços de Morpheus. A noite não passava, o sono teimava em não chegar e a vida persistia em permanecer viva. Sempre pensei em suicídio, mas não me tomem por covarde ou herói, meu pensamento é fruto de reles curiosidade científica acerca do devir da morte. Talvez para religiosos de qualquer estirpe matar-se deve ser mais fácil e acolhedor, o que justificaria tamanha ojeriza pelo ato, a coisa em si ofusca. Acho por isso pensei em me matar, influenciado por Immanuel e sua tamanha subjetividade para esclarecer o que seria “a coisa em si”. Nunca entendi a questão, nunca me souberam ou a outrem explicar. Dizem que sabem, mas acredito que a teoria está longe do palpável, ou seja, a essência não deve estar aqui, daí a idéia de suicídio.

Matar-se é simples, Hollywood já demonstrou inúmeras vezes como fazê-lo, mas e morrer? O medo da dor supera a curiosidade?, o medo do fim, supera a experiência? De modo que repensei a morte e vi que o problema está no medo, o medo do findar. Pensei em pensar em Deus... quanta bobagem... é melhor dormir.

Acordei às dez e pouco com o cheiro do café, era domingo e o martírio da lida ficou esquecido no labirinto do inconsciente. O cheiro era bom, o café também, mas eu andava atordoado com as questões da madrugada. Tomei o café até o fim, comi biscoitos água e sal com margarina. Estava só no meu canto, nada de amigos ou mulheres a me visitarem nas últimas semana, meu violão calara-se desde a morte de meu cão... Ah morte... Conceito biológico, conceito filosófico, “conceito” religioso... Fiquei assistindo bobagens pela tela da TV e sempre a morte aparecia em minha frente. Mortes duras, escandalosas, serenas, apaixonadas, a morte do amor... Morrer para o amor é se matar vivendo.

Liguei para Beth (se escrevia com H, pois seu nome era Elisabeth como o da rainha) e ela não estava, no meu coração havia morrido há tempos, mas liguei para Beth para me sentir vivo, afinal uma boa transa não mata ninguém e ainda faz suar. Mas ela não estava. No ápice da minha debilidade mental vesti minhas calças jeans e minhas sandálias havaianas para procurar abrigo fora de casa. O vazio das canções sertanejas se apoderou de mim, uma coisa horrível, uma náusea sem sentido, uma coisa pela coisa... Passou, era apenas o “videokê” de um boteco. Ufa! Por um instante pensei que morreria! É não quero morrer. Resolvi continuar a caminhada e deixando que só a morte me separe do amor que renasce em mim a cada boa canção que deixe de falar de amor, ou que fale dele pensando no quanto é boa uma metáfora. Deixe a vida correr com toda sua turvação, não quero o riso dos tolos, tampouco o acolhimento dos religiosos, dê-me a dor com toda sua clareza e perfeição de inerentes! Deixe-me cá com meu desaforo, pois desaforado estou e desse combustível só me mata o que é humano. A ironia é que o mesmo que mata faz viver. Ultimamente ando pensado demais nas contradições... Ah como são boas as canções!

Rodrigo

terça-feira, 1 de fevereiro de 2011

Tema 20 - Encontros e desencontros

Timing...

Sincronismo de chances, momentos, disponibilidade, percepção...

Os olhares que se cruzam, o desejo que aflora...

- Te quero... Mas não...

Agora não...

Tempo, espera.

- Esperar?

Já esperei demais.

- Dê tempo ao tempo. Me espere...

- Por quanto tempo?

Quantos suspiros?

Quantas noites mal dormidas, na expectativa?

- O necessário...

- Não posso prometer isso...

Eu quero,

eu esperaria... Mas

não posso.

- Por que?

Nós, juntos, não é motivo?

- é... mas a espera é torturante,

angustiante e

a vida, precisa seguir.


O silêncio... é o único som que se ouve...


A primeira lágrima

escorre.


O primeiro soluço...


O abraço ardente...


- E se... quando eu puder, você não possa mais?

-Teremos que viver com isso...

Por algum motivo,

nossos encontros, sempre são

desencontros...





Luciano

Tema 20 - Encontros e desencontros

Encontros e Desencontros

Como saber se um encontro é “O Encontro” ou se não passa de
um tremendo desencontro?

Poderia estar um encontro causando o desencontro de outros
encontros melhores?

E quando encontros físicos acontecem com um certo
desencontro de ideias? E encontros de ideias que nunca chegam a um
encontro físico?

Será o destino responsável por todos os nossos encontros
e desencontros? Ou são as nossas escolhas que escolhem alguns
encontros e automaticamente excluem muitos outros?

Teriam todos os encontros prazos de validade por certo período
até se tornarem desencontros?

Poderiam alguns desencontros fazer pessoas se encontrarem do
nada?

E como explicar o encontro de duas pessoas, já encontradas
por outras pessoas, numa cidade famosa pelo desencontro de
interesses, se tornar o “Grande Encontro”? E se essas pessoas se
desencontrarem das que eram encontradas antes de se conhecerem
e mesmo assim outros desencontros fazem com que elas só se
encontrem ocasionalmente... Em encontros clandestinos... Tem que
ter explicação?



Carol