quinta-feira, 21 de maio de 2009

Tema 15 - informação





Um Sítio Comum



Não se ouvia nada, nunca nada era ouvido. Era como se fosse um eco surdo, um mundo inteiro fora de seu mundo. O eterno vácuo de ser você para si mesmo. Uma ausência despercebida pela satisfação das necessidades inatas. Nada sabia, nada e nunca soube dantes, esquecia-se olhar para dentro, e para fora do vidro, que se via embaciado pelo orvalho da aurora, o mundo era grande, enorme, mas pouco interessante para o palato ou para a sensualidade. A aurora pouca de luz oferecia-lhe, a cama é um refúgio confortável e estável, o sonho de qualquer mortal para aquém de Sócrates, o ofício de sonhar resigna-se entre o que se passa na mente durante o repouso e a testemunha inanimada do colchão, para que a vigília faça seu papel de uma constante feliz beirando o abismo ignorante da falta.

Era um sítio largo, porém humilde, uma casa, uma área gramada, uma encosta e um abismo. De cima se via o que a cidade fazia de sua economia lá embaixo, a encosta limitava seu campo de visão para oeste, o que não era muito diferente para leste, onde estava a ribanceira, direção coberta por uma micro floresta, o suficiente para bloquear a área de atuação ocular tanto quanto a encosta o fazia, a exceção de alguns carros nada mais se via lá do alto, mas as árvores eram belas.

Vivia bem com suas culturas de hortaliças ao norte da casa e seu galinheiro à beira da encosta, não necessitava carne vermelha seu cérebro não fazia questão tamanha proteína, às vezes pescava num lago contíguo, uma variação suficiente para seu limitado gosto.

Tinha tudo o que precisava, informação suficiente para sua satisfeita sobrevida, não lia nem escrevia, não somava nem subtraia. Bastava-se a si mesmo, entendia sua história, suas palavras, sua economia e seu sexo. Uma falta de pretensão beirando o encontro da eterna busca humana, inconscientemente.

Nenhum comentário: